A coffee at midnight

sábado, 19 de abril de 2008

Drink like the Irish.

No final de minha viagem pela Bolivia no verão passado, eu e algumas amigas acabamos passando uma semana em La Paz.
No Bar do Albergue em que estavamos, já embaladas em garrafas de vinhos (bebida tipica da nossa viagem até então) tivemos a oportunidade de conhecer belos moços irlandeses.
Moços que nos ensinaram a beber.
Fomos apresentadas a qualquer e todo tipo de bebida, com variados nomes, diversas misturas e gostos peculiares.
Na hora da manhã fomos apresentadas ao que eles chamavam de chá de wiskey. o cachorro engarrafado e requentado. killer.
Na hora do almoço, vodka com laranja.
No chá da tarde, baley´s liquor on the rocks.
Na hora do cochilo se não fossemos capazes de cair no sono, eles nos apresentaram um frasquinho, como o frasquinho de acetona, e dele se bebia apenas um shot com a tampinha. tiro e queda.
E ao anoitecer, já vivendo os maus da ressaca, quando achavamos que não conseguiamos mais beber, fomos apresentadas ao fabuloso baby guiness. Um shot, não destilado, não amargo, não enjoativo. Para um bom entendedor apenas um estômago basta.
Em nosso último dia em La Paz em que estariamos todos juntos, com os nossos novos amigos, depois de uma noitada, sentados em uma mesinha, com o sol encomodando os nossos olhos, nos vimos, depois de 5 dias (uma estimativa, pois realmente não sei quanto tempo passamos por lá) bebendo o menu completo, sem peso, sem do, sem piedade.
Aquilo tudo se tornou tão cotidiano, como os irlandeses.
Ao nosso redor haviam rostos tão familiares, que mal sabiamos como haviamos nos conhecido, nem quando.
A sensação era de pertencer a uma certa sociedade, comunidade ou qualquer coisa do tipo.
Eu já amava aquelas pessoas e não via a possibilidade, ou não queria mesmo enxergar que tudo estava prestes a acabar, por isso mesmo continuamos ali bebendo.
bebendo pra esquecer.
Para esquecer tudo que ficou para fora do copo vazio, da mesa suja, dos cinzeros lotados, das camas ainda feitas, da mesa de bilhar, e daquele bar que na parede havia escrito com letras bem grandes.
IRELAND.

os acontecimentos desta história são contra indicados para: psicoticos, paranoicos e neuroticos.
Mesmo sabendo que a contra indicação é apenas um reforço positivo as patologias citadas acima.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Homens em Dieta.

Homens paulistanos tem a personalidade de uma agenda.
Eles se metrificam até preencher cada pequeno vazio de seus dias.
Participam da sociedade academicamente.
Eruditam suas mentes com arte, música e literatura.
Modernizam sua velha calça jeans.
Se rotulam de paulistanos descolados.
Na hora do rush se ocupam de se ocupar, de agendar o happy hour.
Aos domingos se reunem para discutir com os camaradas o que não podem praticar: o futebol.
Na hora do chopp se armam de piadas bem boladas para um público cool que se encontra em algum pico bacana na cidade da garoa.
Os finais-de-semana resolvem botar o papo em dia em alguma baladinha, com os velhos amigos para escutar o que gostam de chamar de boa música (e de fato algumas vezes realmente é).
Porém o que me intriga em tudo isso é, que nada disso foi construida para obter o ganha pão ou pelo menos não parece ter sido contruido para esse intuito.
Os Paulistanos sofrem de amnésia.
Ele leva a moça para jantar, para conhecer os amigos, faz algumas ligações para garantia, a enche de beijos cortezes e por fim sim, conquista o desejo de uma paulistana como planejado.
Mas o que descobre-se: anorexia.
Os paulistanos não gostam de comer.

Paulistanos que não se indentificaram com a descrição acima, não se sintam ofendidos, vocês são os meus favoritos.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Amplexos Redondos.

Acredito ser o que as pessoas gostam de chamar (ou talvez só eu goste) de uma saudosista cronica. Tem saudades que matam,
o tempo
o tédio
a realidade
ou até mesmo o futuro (quer dizer, inclusicve).
Em dias de sensibilidade tenho saudades de amplexos redondos,
timidos, incertos, carinhosos, sufocantes, delirantes,
deliciosos, torturantes,
vermelhos, amarelos, verdes, blues,
I feel blue.


replica de um diabolo:

você não tem tempo para nada que te atrase.
você olha seu relógio e só o que ele marca é a hora do rush, o rush do sangue até sua cabeça.
e você não para de pensar: roxo, laranja, lilas, branco, branco, branco.
you feel like a blank.
e nada te completa, nada te buzina, nada te engarrafa, nada te imunda.
você, a paulistana, resolve então garoar sem guarda-chuva, pura distração calculada.
você se molha, você e seu terninho e seu cachecol que ora cinto, ora pescoço.
esboça um sorriso,
"mas o que é isso?"
não cabem dentes nessa convicção:
boca fechada, a paulistana vive e não tem dinheiro, nem trocado nem inteiro, para pagar meu malabar.
o farol abriu.


esse diabolo foi quem me ensinou esse tal de amplexos redondos. cara esperto, não? sim.

domingo, 13 de abril de 2008

sobre livros e lágrimas.

Não há lugar melhor no mundo para chorar que uma livraria.
A solidão é dividida por temas, especialidades, assuntos e interesses.
As pratileiras são recheadas de páginas das quais suas lágrimas escolhem aleatoriamente palavras que justifiquem a oferta e a procura.
Procura de indentificação
entre a leitura e a escrita.
entre o intelecto e o sentimento.
entre o que faz vida e o que justifica a morte.

não mate as baratas, corre-se o risco de esmagar escritores postumos.

"I never hear the word “escape”/Without a quicker blood,/ A sudden expectation,/A flying attitude!//I never hear of a prisons broad/By soldiers battered down,/But I tug childish at my bars/Only to fail again. "

Emily Dickinson.

Tangerines and clamentines.

The boom box on my shoulder was a box of clementines
i ate every single one without noticing the mold
you said you're gross my darling, i said no i'm rock and roll.


Kimya Dawson.