terça-feira, 15 de março de 2011

Bimonólogo - parte primeira

Personagens:
A dor
A mulher adúltera


MA: Foi sem ti, foi sem mim. Estilhaços adulterados. Oh infeliz coração! Tire de mim o adultério.

D: Mas quem você acha que você é?..

MA: Construção, viagem arquitetônica, sou suas mentiras largadas na cama.

D: Oh minhas mentiras, como podem? Eu sou a dor de ninguém!

MA: Ninguém o meu redondo. Ninguém ao meu quadrado. Direje-se a mim como ninguém, mas é tu que es a voz, a única culpada.

D: Que culpa tenho eu se as algemas são obras tuas? Bem como é sua a chave e, suas as mãos, que te prendem na prisão mental de um demente.

MA: Doente, sem ti, abandonada, não lembra mais de mim, lunática. Esquesito você se esquecer da faca ao lado da cama. Ela reflete o teu rosto.

D: As palvras que me cospe acertam apenas a sua face. Pensa e me conta, AFINAL QUEM SOU EU?

MA: Dor alheia é que não é! Estou vestida de mim mesma.

D: Então tire a roupa!

MA: Só serei nua quando você parar de insistir em se grudar no meu corpo.


Marcela Thomé e Marcelo Augusto

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